Camila de Kali
Sou mãe do Luís, João, Yamila e Ravi. Instrutora de Hatha Yoga, Vinyasa Yoga, Mudra Yoga, Yoga Dance e Tantra Yoga. Professora de Dança com mais de 25 anos de dedicação à Arte da Dança do Ventre e também da Dança Cigana. Terapeuta Holística e Multidimensional, Facilitadora de Práticas Meditativas e do Sagrado Feminino, Taróloga e Oraculista. Uma mulher que ama o cheiro do mar, o som dos bambuzais, o frescor das águas das cachoeiras, o vento nos cabelos e os pés na terra. Expansão e Movimento são não apenas uma busca, mas uma necessidade.
O estudo da dança entrou na minha vida aos três anos de idade, quando minha mãe me matriculou em aulas de Ballet e Jazz. Nos anos 80, houve um boom do Jazz dance, e era comum que essas duas modalidades fossem a porta de entrada para o aprendizado formal de dança.
Aos nove anos, participei de um festival cigano que me fascinou completamente com suas cores vibrantes, música envolvente e danças encantadoras. Naquele momento, percebi que precisava conhecer mais sobre aquela cultura rica e mágica e segui desde então pesquisando sobre. No entanto, o que realmente despertou uma emoção avassaladora foi quando vi, nesse mesmo festival, uma mulher dançando a dança do ventre. Meu coração infantil entendeu de imediato: era isso que eu queria para a minha vida. Com entusiasmo, falei para minha mãe: “Mãe, eu preciso dançar essa dança!” Surpresa, ela respondeu: “Onde vou encontrar aulas de dança do ventre para você? Está louca?” É importante lembrar que isso foi cerca de dez anos antes da novela O Clone, que popularizou a dança do ventre no Brasil. Naquela época, o acesso às aulas de Dança do ventre era elitizado, e para uma criança pobre da periferia, quase impossível.
Mas eu nunca duvidei de que o que é nosso sempre encontra uma maneira de chegar até nós. Comprei revistas, fitas VHS e K7 e comecei a estudar por conta própria. Desistir da dança do ventre significaria desistir de mim mesma, e eu não podia permitir isso. Passei a organizar aulas improvisadas para minhas colegas de escola, compartilhando o que havia aprendido com os recursos disponíveis. Hoje, algumas dessas amigas que dançavam comigo nos intervalos escolares lá nos anos 90 também se tornaram profissionais da dança do ventre. O universo, de fato, une almas afins.
Ainda na década de 90, finalmente encontrei uma academia de dança que oferecia aulas de dança do ventre a uma distância razoável e com uma mensalidade acessível. Para que minha mãe pudesse pagar essas aulas, optei por deixar as outras modalidades de dança. As aulas eram no turno da noite e meus tios e tias, preocupados com minha segurança, iam me buscar no fim das aulas. Só tenha a agradecer!
Hoje, aos 41 anos, mantenho o mesmo brilho nos olhos daquela menina de nove anos que se apaixonou pela dança do ventre. A dança, para mim, tem um poder organizador. Quando me sinto energeticamente desalinhada, busco uma aula para me reconectar, equilibrar e harmonizar. Tenho frequentado aulas de dança a dois, um desafio após tantos anos dançando sozinha. É um exercício de entrega, de abrir mão do controle e permitir ser conduzida que me tem feito muito bem.
A dança nos coloca em harmonia com a geometria sagrada do som, fazendo com que os corpos sejam tocados como os instrumentos musicais. Esse processo é uma verdadeira alquimia, onde a geometria sagrada se expressa em movimento.
O Yoga entrou na minha vida em um momento posterior, quando eu já era uma jovem mãe de dois meninos, que hoje são homens. Foi um período em que me sentia desconectada do meu propósito, uma fase em que precisei buscar autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e caminhos de cura. Encontrei tudo isso no Yoga, que se tornou uma experiência tão transformadora para mim que decidi compartilhar com outras pessoas. Fiz cursos de formação e me tornei instrutora, passando a conduzir aulas de Yoga em diversos municípios da Baixada Fluminense, um território repleto de potencialidades, mas também marcado por carências. Sinto-me realizada e profundamente grata pelo trabalho que desenvolvi ali, pelas alunas e alunos incríveis e por todas as trocas enriquecedoras que tivemos.
Ao longo da minha trajetória, busquei diversas formações em terapias holísticas, Yoga, Tantra, Dança, Artes Plásticas, entre outras áreas. Minha curiosidade, fortemente influenciada pelo meu mapa astral com muito sagitário rsrs, me motiva a continuar aprendendo e buscando. Compreendi que os saberes e técnicas que adquiri e que continuarei a adquirir são complementares e servem ao mesmo propósito: cumprir uma das missões da minha existência neste planeta, que é contribuir para a cura e a expansão do Feminino. Me refiro à energia feminina, não ao gênero – um conceito que você pode compreender melhor no artigo: Shakti e Shiva : A Dança Alquímica
Muito se fala sobre a ascensão planetária e sua iminência, mas a verdade é que ninguém sabe ao certo como ela acontecerá. O que percebo é que não dá para haver uma elevação vibracional sem que ocorra o equilíbrio entre o Feminino e o Masculino, sem que Shiva e Shakti estejam dançando em sincronia. Essa compreensão veio não apenas das minhas experiências com minhas alunas e alunos, mas também por meio da meditação e da auto-observação.
Por que Templo de Bastet?
A energia de Bastet, a conexão com ela me trouxe muita nitidez, abrindo portais de possibilidades que me fizeram trazer para a consciência o que já estava tão presente em minha vida. Como peças de um quebra cabeças que se encaixam formando uma imagem totalmente inteligível e tangível.
Bastet é a energia da luz solar refletida pela Lua. Protetora dos saberes femininos e das crianças. Senhora da magia e dos perfumes. Guardiã do Porta da vida, o útero. Cuida do nosso lar, a casa que moramos e do lar/corpo que habitamos, nos incentivando o autoconhecimento, autocuidado e auto amor. Nos brinda com a beleza que vem da alegria de nos expressarmos em alinhamento com o coração. É a vibração do som que faz o corpo dançar.
Bastet é frequentemente retratada com filhotes, simbolizando a maternidade e a capacidade de cuidar. Assim como ela, muitas mulheres – eu incluída – equilibram a vida entre criar os filhos e seguir seus caminhos, nutrindo as crianças e, ao mesmo tempo, vivendo seu potencial criativo para além do seio familiar.
Desde os tempos mais remotos, os gatos têm sido os felinos mais próximos dos seres humanos, permitindo uma relação de intimidade e afeto. Mesmo não sendo completamente domesticados e mantendo a liberdade de seus instintos, eles se tornam parte da vida doméstica e familiar de muitos. É raro encontrar alguém que não conheça uma pessoa que tenha um gato em casa.
O propósito do Templo de Bastet é fluir com essa mesma energia livre e independente dos felinos, mas sempre em proximidade. É ser um canal de contribuição que viabilize o acesso a conhecimentos que promovam bem-estar, felicidade, caminhos de cura e expansão para o seu ser.